terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Escandinávia (parte II) - Os fiordes

TERCEIRO DIA - OS FIORDES

Segundo a Wikipedia, 

"Fiorde é uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas. Os fiordes situam-se principalmente na costa oeste da península escandinava, onde são um dos elementos geológicos mais emblemáticos da paisagem, e têm origem na erosão das montanhas devido ao gelo."

Eles podem ter dimensões impressionantes, já que os paredões das montanhas podem atingir mil metros de altura e os caminhos criados pelo mar chegam a mais de 300 km de comprimento.

Quando o Bernardo mencionou que queria fazer esse passeio, eu não me empolguei muito. Mas bastou uma pesquisada pelas imagens do Google para que eu mudasse de idéia.

Os fiordes estão presentes em quase toda a costa norueguesa e na costa de diversos outros países (sobretudo na Escandinávia) e Bergen é um excelente ponto de partida para conhecê-los. Se vc der uma olhada no mapa da Noruega, verá como sua costa é toda recortada...

Ainda no Brasil, compramos um pacote chamado “Norway in a Nutshell” na agência online Fjord Tours. Não se trata de uma excursão, não é necessário um guia porque a graça toda do negócio é "só" a paisagem mesmo. Então a agência vende “kits” de passagens de transporte público de maneira organizada para o turista independentão (nós!). 

Existem formatos diferentes de passeios, onde você pode optar por dormir uma ou mais noites nas cidades do percurso, ou fazer o trajeto todo em um "bate-volta", que foi o nosso caso. Como quase tudo na Noruega, a brincadeira não é barata. Sai por volta de US$160 por pessoa, mas vale cada centavo. Cada. Centavo. Acredite.

Nosso passeio começou bem cedinho, quando saímos do hotel preparados para passar o dia todo viajando, com roupas quentinhas e a mochila abastecida de lanchinhos (lemos em algum blog por aí que não havia opções de lanchonetes pelo caminho - e era verdade).

Estação de trem de Bergen
Na estação de Bergen pegamos um trem - o primeiro de diversos tipos de transporte que nos aguardava - para a primeira viagem, que durou pouco mais de uma hora e já foi o aperitivo do que iríamos encontrar... 

Foi um trajeto lindíssimo, repleto de montanhas e mais montanhas cobertas por grossas camadas de neve. 

O vagão do trem com nossas mochilas
Primeira amostra do que estava por vir

Mais gelo e neve...
A primeira parada foi em uma cidade chamada Voss, mas não dá tempo de conhecer o lugar. É somente um "pit stop" de uns 20 minutos até sair o próximo transporte, dessa vez um ônibus. Nessa "rodoviária" encontramos um grande grupo de adolescentes animadinhos que traziam pranchas de snowboard e materiais de esqui. Tudo indicava que iriam participar de algum campeonato de esportes de inverno. Ficamos observando e pensando em como estávamos vendo uma realidade tão diferente da nossa, brasileiros...

A viagem de ônibus também durou cerca de uma hora e foi o trajeto menos turístico de todos. Percebemos nitidamente que estávamos viajando junto com trabalhadores locais, quando o ônibus fazia paradas em pontos totalmente inóspitos, em verdadeiro “deserto branco”. Vez por outra, o motorista dava informações em inglês, mostrando, por exemplo, uma caudalosa cachoeira... Congelada!


Cachoeira congelada



O ônibus nos levou até um vilarejo chamado Gudvagen, onde se iniciaria o clímax do passeio (apesar de já termos adorado tudo até ali). O cenário em Gudvagen é espetacular, já nós pés dos fiordes. Lá permanecemos por uns 40 minutos, encantados com a paisagem, tentando - em vão - registrar na câmera o que nossos olhos viam, enquanto aguardávamos o barco que nos levaria para um passeio inesquecível de mais de duas horas pelos fiordes noruegueses. 




O barco que nos levou pelos fiordes

Foram nessas duas horas que conhecemos os fiordes de verdade, num trajeto espetacular. Ora ficávamos na parte superior do barco, ao ar livre, em contato maior com a exuberância das montanhas e com o vento congelante, ora corríamos para o conforto das poltronas internas do barco com calefação, para observarmos a natureza através dos vidros. 

Além da beleza do lugar, era interessante ver (e escutar) o barco quebrando as enormes placas de gelo da superfície da água durante todo o percurso.

Tiramos inúmeras fotos e fizemos vários vídeos só para constatar que era impossível registrar a beleza que víamos pessoalmente. Além da natureza impressionante, ficamos surpresos e encantados de encontrar casinhas espalhadas pelo percurso. Elas pareciam construídas no meio do nada e ficávamos pensando como era a vida de seus moradores, tão isolados naquele paraíso gelado.

Ficou difícil reduzir o número de fotos para o post:








E então a parte mais esperada do passeio chegou ao fim, quando o barco atracou no vilarejo de Flåm. Nessa parada, havia uma loja grande de souvenires e um pequeno museu sobre nosso próximo transporte, a FlamRailway (ou Flåmsbana).

Esse percurso de 50 minutos foi surpreendentemente belo e agradável. Uma locomotiva estilo “maria-fumaça”, nos levou através das montanhas norueguesas, passando por pontes, inacreditáveis casas residenciais incrustadas no meio do nada (mais uma vez imaginamos como uma família vive um lugar tão inóspito) e uma cachoeira congelada tão espetacular que o trem faz uma parada para os passageiros descerem e admirarem de perto.

Na verdade, a informação que chegou até nós é que a cachoeira era linda e volumosa no verão e era uma pena que estivesse congelada. Pois pra nós, o maior atrativo era justamente vê-la naquele estado! Surreal!


O vagão do Flåmsbana
 

A nossa Maria-fumaça norueguesa
A cachoeira congelada


Esse agradável passeio de trem nos levou até Myrdal, a mais sem graça de nossas paradas, com lojinhas fechadas e infraestrutura pobrezinha pros padrões da Noruega.

Aliás, é bom relembrar uma importante informação pra quem quer fazer esse passeio: realmente há pouquíssimas opções de comida à venda durante o trajeto. Como já sabíamos disso pelas pesquisas que fizemos antes, fomos pra jornada munidos de sanduichinhos e snacks, que foram muito bem utilizados. As paradas entre um transporte e outro têm lojinhas de souvenires e produtos locais, mas não nos lembramos de ver restaurantes ou lanchonetes. Detalhe: é impressionante como são impecavelmente limpos (cheirosos mesmo!) e organizados todos os banheiros públicos das paradas anteriores.

Apesar de sem graça, a parada em Myrdal foi a mais longa. Tivemos que esperar bastante pelo trem que nos levaria de volta a Bergen, em uma viagem de pouco mais de 2 horas.
Começamos esse bate-volta de dia inteiro esperando que teríamos um dia bastante cansativo, devido a longa duração da jornada e às várias trocas de transporte. Mas surpreendentemente não foi. Com tanta coisa linda no caminho e paisagens tão diferentes da nossa realidade, o passeio terminou com gostinho de quero mais. 

Chegando em Bergen, ainda tivemos energia para caminhar até Bryggen para fazermos umas fotos noturnas antes de voltar para o nosso hotel. 

À noite, fomos a um barzinho meio pub, super local, tomar uma cerveja (Bernardo) e um vinho (Bárbara) e nos despedir da cidade. Bergen nos deixou uma ótima impressão e já fomos embora com vontade de voltar.

No dia seguinte acordaríamos cedo para pegar o vôo que nos levaria a Tromsø, uma cidade bem ao norte da Noruega, onde tentaríamos a sorte de conseguir ver a Aurora Boreal, sonho antigo da Bárbara e a razão principal da viagem pra esses lados. Mas isso é papo pro próximo post!

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